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MOMENTO DE HISTÓRIA
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  Arma de Engenharia

     No dia 10 de abril, comemora-se o Dia da Arma de Engenharia. A escolha desta data é uma homenagem ao Tenente-Coronel João Carlos de Villagran Cabrita. Nascido em 30 de dezembro de 1820, na província da Cisplatina, atual Uruguai, filho de um oficial do Exército Português, Villagran Cabrita iniciou sua carreira militar aos 22 anos, como alferes-aluno. Sua morte em combate, em 10 de abril de 1866, durante a Campanha da Tríplice Aliança, elevou seu nome ao panteão dos patronos do Exército Brasileiro, como patrono da Arma de Engenharia.

     Villagran Cabrita teve papel fundamental no pioneirismo da Engenharia Militar brasileira. Em 1855, fez parte do contingente inicial do 1º Batalhão de Engenharia do Exército Brasileiro, destacando-se por sua perspicácia e criatividade. Em 1865, durante a Campanha da Tríplice Aliança, assumiu o comando desse Batalhão, sendo responsável por ações estratégicas que marcaram sua história.

     Um exemplo emblemático de sua liderança foi a defesa da Ilha da Redenção, em 1866. Diante da dificuldade das tropas brasileiras em transpor o rio Paraná, devido à presença inimiga no Forte de Itapira, Villagran Cabrita desembarcou com sua tropa na ilha, preparando uma posição defensiva que deu segurança à transposição do rio pelas tropas aliadas. Com o apoio dos couraçados Bahia e Tamandaré, seu Batalhão obteve sucesso na colocação de obstáculos e na defesa daquele ponto estratégico. 

     A batalha na Ilha da Redenção terminou em 10 de abril, com a vitória das tropas aliadas. Cumprindo seu dever até o fim, Villagran Cabrita foi mortalmente atingido por uma munição de artilharia, enquanto redigia a parte da vitória, sendo lembrado como herói na história militar brasileira.

     Inspirados pela coragem de seu patrono e honrando a sua memória, os engenheiros brasileiros ainda realizaram um grande feito na Guerra da Tríplice Aliança, ao construírem cerca de 11 km de estrada em terreno pantanoso, a estrada do CHACO. Esse trabalho foi fundamental para o êxito das operações, possibilitando às tropas brasileiras desbordarem as posições defensivas instaladas ao longo do rio Piquissiri.

     O legado de Villagran Cabrita se estendeu para além das fronteiras brasileiras. Na Segunda Guerra Mundial, a Engenharia Militar brasileira teve destaque na Itália, com a montagem da ponte tipo Bailey M2 sobre o Rio Arno, no distrito de Montecalvoli, concluída em setembro de 1944, sendo esta a primeira missão de combate realizada por uma tropa brasileira naquele teatro de operações.

     Além da montagem de dezoito pontes, o Batalhão de Engenharia empregado na Força Expedicionária Brasileira reparou outras doze, construiu ou reparou mais de 20 mil metros de estradas e retirou mais de 4.900 minas anticarros e antipessoais lançadas pelas tropas do Eixo.

     Os engenheiros da Força Expedicionária Brasileira (FEB), nossos “pracinhas”, também desempenharam um papel crucial nas batalhas de Monte Castelo, Castelnuovo e Montese, como parte da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária. Eles foram essenciais para multiplicar o poder de combate das tropas aliadas, facilitando a mobilidade por meio da desativação de campos minados e construção de pontes.

     Ao longo dos anos, a Arma azul-turquesa continuou sua trajetória de excelência, participando de missões humanitárias e de paz em diversas partes do mundo, como na América Central (MARMINCA), América do Sul (MARMINAS), Angola (UNAVEM II e III) e no Haiti (MINUSTAH). Nesse país caribenho, foi mobiliada a Companhia de Engenharia de Força de Paz (BRAENGCOY), que executou diversos trabalhos de infraestrutura por todo o território haitiano, como a construção de estradas e perfuração de poços artesianos, além de ser constituído um Pelotão de Engenharia de Combate, em apoio ao BRABAT.

     Atualmente, a Engenharia está à frente da Missão de Instrutores e Assessores em Desminagem Humanitária na Colômbia, auxiliando no aumento da eficácia operacional das Forças Militares colombianas para a remoção de artefatos explosivos e minas antipessoais no território dessa nação.

     No cenário nacional, a Engenharia de Combate desempenhou um papel fundamental em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). São exemplos a Operação Arcanjo, no Complexo do Alemão e da Penha, a Operação São Francisco, no Complexo da Maré, e as Operações Furacão, no contexto da Intervenção Federal no Estado do Rio de Janeiro. Nessas operações, trabalhou de forma integrada com as demais Armas, Quadros e Serviços, apoiando a mobilidade, tanto para a manobra da Arma-Base, quanto para o funcionamento da Logística, contribuindo para a segurança e estabilidade da região.

     Ressalta-se, também, os trabalhos da Engenharia de Construção, com participação significativa no desenvolvimento nacional, por meio da construção de infraestrutura, como estradas, pontes, aeroportos, barragens e poços artesianos. Recentemente, destacase a pavimentação da BR-163, no trecho Cuiabá-Santarém, além da duplicação de mais de 50 km da BR-116, no Estado do Rio Grande do Sul.

     Em situações de calamidade, os engenheiros prestam socorro às vítimas e auxiliam na reconstrução de áreas afetadas e desobstrução de vias, demonstrando a sua importância para a sociedade brasileira. Nesse cenário, cabe salientar o apoio das unidades de engenharia na localidade paulista de São Sebastião, atingida por fortes inundações no ano de 2023.

     Além do seu histórico de glórias e feitos, a Engenharia está atenta às constantes evoluções técnico-científicas que se apresentam no cenário internacional. Isso pode ser exemplificado pelo acoplamento de implementos de engenharia na VBTP GUARANI, transformando-a em uma Viatura Blindada Especial de Engenharia, além do desenvolvimento, pelo Arsenal de Guerra de São Paulo, da rede de camuflagem multiespectral, que proporcionará a proteção das tropas apoiadas.

     No que tange à capacitação dos seus recursos humanos, o Centro de Instrução de Engenharia (C I Eng), situado em Araguari (MG), constitui-se em referência na especialização de pessoal e contribuição para o desenvolvimento doutrinário da Força Terrestre. Nesse centro, são conduzidos cursos de operação de equipamentos de engenharia, gestão de obras, suprimento d’água, mergulho, desminagem e neutralização de artefatos explosivos, além de outros estágios setoriais. Merece destaque a utilização de modernos aparelhos de simulação de equipamentos de engenharia, além do intenso intercâmbio internacional.

     Discípulos de Villagran Cabrita, inspirem-se nos valores e princípios de seu patrono, mantendo-se unidos e com fé na missão do Exército, seja na paz ou na guerra, sabendo que seu trabalho é fundamental para o País. A nobre e indômita Engenharia continua a evoluir e modernizar seus meios, buscando sempre atender às demandas e desafios do presente e do futuro.

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